sábado, 30 de setembro de 2017

ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

6 MESES! Chegou a hora de iniciar outros alimentos para o bebê!



Do nascimento até os 6 meses o bebê deve receber apenas o leite materno e na falta deste as fórmulas elaboradas para recém –nascidos, que tentam imitar ao máximo o leite humano. Aos 12 meses o bebê já deve se alimentar com a comida da família.

Quanta mudança em apenas 6 meses!!! Muitas dúvidas surgem:
Quais alimentos oferecer?
De que forma?
Qual a frequência?
Posso iniciar alguns meses antes ou depois?
Há como evitar alergias?


Cada bebê é único e recomendações mudam de acordo com preferências pessoais, hábitos familiares e situações clínicas. Mas existem recomendações gerais que valem ouro.

A Sociedade Brasileira de Pediatria, em concordância com as recomendações da OMS e diversas outras Sociedades de Pediatria no mundo recomenda o seguinte esquema básico para a introdução dos alimentos:


6 meses - 1 a 2 Frutas e 1a Papa 
7 meses – 3 Frutas e 2a Papa 
9 meses – Aumento progressivo da consistência
12 meses – Comida da família


COMO PREPARAR A PAPA DO BEBÊ?

Antes de falar do preparo da papa em si, quero esclarecer alguns termos que definem os alimentos de origem vegetal, e geram certa confusão:
Vamos diferenciar o que são: hortaliças, verduras, legumes, raízes, frutas, cerais!



HORTALIÇA: Termo genérico que engloba vários alimentos de origem vegetal, como as verduras, legumes e raízes. A diferença entre esses é qual a parte da planta é comestível.
VERDURA: A parte comestível são folhas, flores ou hastes.
LEGUMES: A parte comestível são os frutos ou sementes
RAÍZES: A parte comestível se desenvolve abaixo do solo.



O grupo dos LEGUMES é muito amplo e inclui os seguintes:
LEGUMINOSAS: Grãos que nascem em vagens (feijão, lentilha, vagem).
CEREAIS: Sementes ou grãos das gramíneas que dão frutos farináceos (arroz, trigo, aveia, milho).
OLEAGINOSAS: Sementes ricas em gorduras (nozes, amêndoas, castanhas).
FRUTAS: Ganham um nome “diferente” por seu sabor doce ou cítrico, mas na verdade fazem parte dos legumes. São vegetais cuja parte comestível é o fruto. Em tempo: fruto é a parte da planta que envolve as sementes.

O que é que tem na sopa do neném? (Que mãe não conhece essa musiquinha? Rsrs)
Desde o início a papa principal deve conter alimentos dos seguintes grupos: 
Cereais ou raízes (2 porções, para 1 porção dos outros grupos)
Leguminosas Verduras ou legumes
Proteína animal


A proteína animal pode vir de carne bovina, vísceras, frango, peixe, carne suína ou ovos.
Não é preciso acrescentar sal, por isso o termo correto é Papa principal e não papa “salgada”!
Os alimentos da sopa devem ser amassados com o garfo até ficarem com a consistência de purê.
Não é preciso (não se deve) passar a papa na peneira ou liquidificador. Aos poucos a consistência deve ser aumentada, respeitando-se o ritmo do desenvolvimento neuro-psicomotor de cada criança.

A partir de 8 meses algumas crianças já podem receber os alimentos da família amassados, triturados, desfiados ou cortados em pequenos pedaços.


            QUAL VOLUME O BEBÊ DEVE COMER A CADA REFEIÇÃO?




Após os seis meses, a capacidade gástrica do bebê varia entre 20 e 40 ml/Kg de peso!  Por exemplo, um bebê com 8kg consegue ingerir de 160 a 320 ml.
Conheça as variações do normal e respeite os limites do seu bebês.... Bom apetite! 

E ÁGUA?

Os bebês que são alimentados com fórmula precisam tomar água nos intervalos entre as mamadas. Já os que são amamentados ao seio não precisam, a não ser em algumas situações como durante as ondas de calor com sensação térmica muito elevada.
Bebês têm estômagos pequenos. A água em excesso pode saciar a criança, ocupando o lugar que seria do leite.



A recomendação de água (incluindo aí a utilizada no preparo das mamadeiras) é de é de 700 ml para bebês entre 0 e 6 meses, 800 ml entre 7 a 12 meses e 1300ml de 1 a 3 anos.


E O CHAZINHO DA VOVÓ?

Bebês têm estômagos pequenos. Assim como a água em excesso pode saciar a criança, ocupando o lugar do leite, o mesmo raciocínio vale para a oferta de chás.
O volume excessivo pode reduzir a ingestão de leite, e além disso há outros riscos ao se oferecer chás para bebês.

Alguns chás contém cafeína que pode aumentar a frequência cardíaca, promover insônia e hiperatividade.


Outros chás contêm taninos, que interferem na absorção do ferro levando à anemia.
Se não bastasse isso, a temível doença “Botulismo infantil” conhecida por ocorrer após o consumo de mel em lactentes, também pode ocorrer após o consumo de chás de ervas, como cidreira e camomila.
O Botulismo é uma doença causada pela presença no trato intestinal da neurotoxina da bactéria C. botulinum. A doença é rara, muito grave, podendo ser fatal por paralização dos músculos respiratórios em menores de 1 ano.
Resumindo: Chás não são indicados para bebês!

E OS SUCOS?

Este ano a Academia Americana de Pediatria oficializou a recomendação de NÃO oferecer sucos para bebês!
Eu faço parte da turma e Pediatras que há tempos já lutavam por esta recomendação. Entenda o porque:


Sucos de caixinha são ricos em açúcares e conservantes, não devem ser dados nem para adultos! E quanto aos sucos naturais?
De 6 meses a um ano a recomendação é introduzir a fruta in natura e NÃO os sucos!!! Sucos não oferecem nenhum benefício maior do que a fruta e podem trazer alguns prejuízos!

Ao transformar a fruta em suco as fibras e algumas vitaminas são perdidas, enquanto há aumento de acidez, elevação de volume (suco “enche” o bebê) e maior concentração do açúcar natural da fruta - frutose. Essas modificações podem levar à diarreia, cólica, flatulência, distensão abdominal e cárie.

Em relação ao estado nutricional, o consumo de sucos pode levar a duas situações:

O bebê se adapta perfeitamente ao suco, e fica com preguiça de mastigar e comer alimentos sólidos, acaba por substituir as refeições pelo suco, levando a dificuldade de ganhar peso e déficit de nutrientes importantes.

O bebê faz as refeições e ainda toma o suco, isso aumenta a capacidade gástrica, eleva muito o valor calórico diário e adapta seu paladar para preferir líquidos adocicados, tudo isso junto aumenta o risco de obesidade.

Sucos não são apropriados para o tratamento de desidratação e diarreia. Nesses casos a indicação é Soro Oral, que tem a composição correta de sais e açúcares.


BEBES PODE COMER ALIMENTOS COM GLÚTEN??



Cereais fazem parte da dieta do lactente! São fonte de energia, vitaminas e minerais. Mas alguns possuem o temido e famoso GLÚTEN!

Algumas pessoas possuem intolerância ou alergia ao glúten, e há ainda casos mais raros de Doença celíaca: quando o glúten induz a um quadro de auto-imunidade (as células de defesa do corpo se voltam contra o próprio organismo!) num indivíduo predisposto geneticamente.

Cerca de 30% das pessoas nascem com esta predisposição, mas apenas 1% irá manifestar a doença.

Pesquisas recentes realizadas pela Sociedade Norte Americana para o Estudo da Doença Celíaca mostram que para reduzir as chances de sensibilização pelo glúten o ideal é introduzir a proteína em torno dos seis meses e de forma gradual: 1,5g por dia no 6o mês, 2,5g no 7o mês  e até 5g por dia a partir do 9o mês.

O atraso na introdução do glúten ou o exagero no consumo aumentam os riscos de sensibilização pelo glúten.

 Cereais com glúten: trigo, cevada, centeio, triticale e kamut.
Cereais sem glúten: arroz, milho, linhaça, grão de bico, painço, amaranto, quinua. A aveia naturalmente não contém glúten, mas é comum a sua contaminação com a proteína.

ALIMENTOS QUE NÃO DEVEM SER OFERECIDOS AOS BEBÊS:

Açúcar
Mel
Chás
Sucos
Produtos industrializados
Leite de vaca