VITAMINA
D: HORMÔNIO!
Você
sabia que a Vitamina D é na verdade um hormônio?
Ela é
encontrada sob duas formas: ergocalciferol (vitamina D2) e colecalciferol (vitamina
D3). A
vitamina D2 é encontrada nas plantas e fungos, e a vitamina D3 vem de fontes animais,
além de ser sintetizada na pele pela ação dos raios ultravioleta B (UVB).
Quando os raios UVB entram em contato com as células da pele, ocorre a
conversão de um derivado do colesterol, o 7-deidrocolesterol, em vitamina D3.
Se você
andou tomando sol em excesso e agora ficou apreensivo com medo de uma possível
intoxicação por vitamina D, fique tranquilo, a natureza é sábia, e criou um
mecanismo que só converte uma quantidade segura de 7-deidrocolesterol em
vitamina D3. O excesso é em metabólitos inativos! Ufa!
A
Vitamina D então é encaminhada ao fígado onde sofre uma alteração química,
recebe uma molécula de hidroxila (OH), gerando o calcidiol, que é a forma de
depósito da vitamina D, e é o que se dosa de rotina nos exames de laboratório.
O
calcidiol é levado para os rins onde ocorre nova hidroxilação, formando o
calcitriol, que é a forma metabolicamente ativa da vitamina D. O Calcitriol é o
responsável pelas importantes ações da vitamina D.
Para
que os níveis de vitamina D ativa estejam normais é necessário que intestino,
pele, fígado e rins trabalhem corretamente.
AÇÕES
DA VITAMINA D
A
primeira coisa que vem à mente ao se pensar em vitamina D é saúde óssea. Sua
ação na mineralização óssea e controle dos níveis de cálcio é conhecida há
décadas. A deficiência da vitamina D
leva a osteoporose, raquitismo na criança e osteomalácia nos adultos, problemas
graves que afetam os ossos.
Mas a
vitamina D vai muito além da saúde óssea. Atualmente sabe-se que ela regula a
expressão de mais de 1.000 genes em células em diversos tecidos e órgãos!
Estudos
epidemiológicos mostram que a deficiência de vitamina D se associa a diversos
problemas de saúde. Este tipo de estudo mostra que há uma coincidência entre a
maior frequência de algumas doenças e a falta da vitamina D, mas NÃO prova que
é a baixa na vitamina a CAUSA destas doenças. Para chegarmos a essa conclusão
outros tipos de estudos científicos (clínicos e experimentais) são necessários.
As
seguintes patologias estão ASSOCIADAS ao déficit de vitamina D:
✔diabetes
melito tipo 1
✔asma
✔dermatite
atópica
✔alergia
alimentar
✔doença
inflamatória intestinal
✔artrite
reumatoide
✔doença
cardiovascular
✔esquizofrenia
✔depressão
✔diversos
tipos de câncer (mama, próstata, pâncreas, cólon)
FONTES
Quando
falamos de vitaminas, logo pensamos em uma lista de alimentos ricos nessa ou
naquela. Com a vitamina D a coisa é um pouco diferente, já que na verdade ela
também é um hormônio produzido pela pele (veja Post anterior).
Cerca
de 90% da vitamina D vem da produção na pele após exposição solar e menos de
10% são obtidos de alimentos.
Os
alimentos mais ricos em vitamina D, como o salmão selvagem, sardinha, cavala, atum
e óleo de fígado de bacalhau (eca!) em geral não são parte da alimentação
rotineira dos brasileiros. O salmão consumido no Brasil vem de fazendas de
piscicultura e tem apenas ¼ da vitamina D presente no salmão selvagem (de águas
geladas, encontrados no Alaska e países nórdicos).
Alguns
alimentos que fazem parte da dieta do brasileiro, como o fígado de boi, iogurte
e gema de ovo, contém pequenas quantidades de vitamina D, insuficiente para a
nossa saúde.
Com
tanto sol no Brasil, por décadas os médicos não se preocupavam com os níveis de
vitamina D da população. Atualmente, entretanto o brasileiro tem se exposto
cada vez menos ao sol e a deficiência da vitamina D tornou-se frequente tanto
em crianças como em adultos.
A
quantidade de sol para garantir um bom aporte de vitamina D varia com diversos
fatores. Em média 15 minutos diários de sol seriam suficientes.
Alguns
fatores reduzem a produção de vitamina D pela pele:
Pele
escura: a melanina absorve os raios solares UVB, funcionando como um protetor
solar natural.
Latitude:
quanto mais longe da linha do Equador pior a produção.
Altitude
elevada
Uso de
roupas que cubram quase todo o corpo
Poluição
atmosférica
Tempo
predominantemente nublado
Uso
constante de filtro solar
Tomar
sol é importante, mas devemos ficar de olho no horário em que estaremos
expostos. Excesso de sol, principalmente entre 10 e 16h aumenta o risco de
câncer de pele além de causar envelhecimento.
Equilíbrio
é tudo!
NÍVEIS
NORMAIS
Para
saber como está o nível de vitamina D, é preciso dosar o Calcidiol (a vitamina
D que sofreu uma hidroxilação no fígado).
Existem
algumas controvérsias sobre o ponto de corte do que é considerado como
Suficiente, Insuficiente e Deficiente, de acordo com 3 diferentes sociedades.
A
“Endocrine Society Clinical Practice Guideline” é a mais “exigente” e coloca
como suficiente valores (em ng/ml) entre 30 e 100, insuficiente entre 20 e 30 e
deficiente valores abaixo de 20.
Alguns
autores consideram que níveis acima de 20 já seriam suficientes, já que do
ponto de vista ósseo só ocorreriam alterações abaixo deste valor. Já outra
corrente considera que o “ideal” seria deixar a vitamina D acima de 40 e até
80, justificando que esses valores são fundamentais para as funções
extra-ósseas mencionadas acima.
Como a
toxicidade da vitamina D se manifesta a partir de 100 a 150, não é arriscado
deixa-la em níveis mais elevados do que o mínimo, mas também não há comprovação
dos benefícios.
DEFICIÊNCIA
DE VITAMINA D
O
raquitismo é a forma grave da deficiência da vitamina D mais conhecido do
público em geral. Mas bem antes que o quadro clínico de Raquitismo se instale,
níveis baixos de vitamina D já trazem prejuízo para a saúde.
Algumas
consequências da hipovitaminose D são:
✔Redução
da absorção intestinal de cálcio e fósforo
✔Elevação
do paratormônio (PTH) que tira cálcio do osso para deixar normal o nível de
cálcio no sangue
✔Queda
da mineralização óssea
✔Atraso
do crescimento
✔Atraso
do desenvolvimento
✔Irritabilidade
✔Dores
ósseas
✔Unhas
e cabelos frágeis
✔Sudorese,
principalmente na cabeça
✔Queda
dos níveis sanguíneos de cálcio e fósforo.
COMO MANTER NÍVEIS ÓTIMOS DA VITAMINA D?
Depois
de saber a importância de se manter a vitamina D normal no organismo, logo
surge o questionamento: É melhor tomar sol ou usar medicamentos?
O ideal
seria que todo mundo tomasse sol diariamente antes das 10h da manhã. Mas não é
isso que ocorre na prática. Então quando é preciso utilizar medicamentos? Para
tratamento da deficiência (comprovada por exame) e em alguns grupos de risco
como profilaxia (para evitar que a deficiência se instale).
No
Brasil existem 12 marcas com apresentações em gotas (200UI/gota), cápsulas e
comprimidos com dose que varia entre 1000 e 50.000UI. Os esquemas de tratamento
também variam, de acordo com a idade e necessidade individual. É possível fazer
doses diárias ou semanais.
A
terapia com doses elevadas (stoss-therapy) de vitamina D é utilizada em
situações excepcionais. São administradas doses muito altas de vitamina D, (oral
ou intramuscular), por curtos períodos de tempo. Existe o risco de intoxicação pela
própria vitamina D e pelo veículo propilenoglicol quando forem usadas soluções
orais de vitamina D que contenham esse produto.
A
profilaxia (utilizar para evitar a deficiência) da vitamina D nas doses de 400
UI/dia para menores de 1 ano e 600 UI/dia para maiores é indicada para:
Crianças em aleitamento materno exclusivo.
Crianças em uso de fórmula láctea fortificada
com vitamina D que ingerem um volume menor que 1000 mL/dia.
Crianças
e adolescentes que não ingerem pelo menos 600 UI de vitamina D/dia na dieta.
Crianças
e adolescentes que não se exponham ao sol regularmente
Em
outros casos a suplementação é feita com doses maiores, 600-1800 UI/dia: nos
grupos de risco citados acima, além de gestantes, nutrizes, pessoa com dieta
estritamente vegetariana, obesidade, doenças que afetem o fígado, rins e
intestinos, além de uso crônico de alguns medicamentos (anticonvulsivantes,
drogas para HIV, glicocorticoides, antifúngicos).
HIPERVITAMINOSE
D
Se
depois de ler os Posts sobre vitamina D da semana passada, te deu vontade de já
ir comprando um suplemento... Para tudo!
O
excesso de vitamina D é perigoso.
A
hipervitaminose D leva a aumento do cálcio sanguíneo (hipercalcemia) e urinário
e redução do paratormônio (PTH). A intoxicação pela vitamina D surge quando os
níveis no sangue são superiores a 100 ng/mL.
O
paciente apresenta os seguintes sintomas: náuseas, vômitos, dor abdominal,
obstipação intestinal, pedra nos rins, urina em excesso, fraqueza, contrações
musculares, dificuldade de concentração, confusão mental e pode chegar até ao
coma.
Se a
hipercalcemia for grave pode desencadear arritmia cardíaca, e quando o excesso
de cálcio é crônico, ocorre deposição de cálcio nas válvulas cardíacas,
artérias coronárias e fibras miocárdicas; levando a hipertensão e
cardiomiopatia.
O
tratamento da Hipervitaminose D é feito com suspensão da reposição da vitamina,
hidratação venosa, diuréticos e corticosteroides.
Não se
arrisque utilizando medicações sem o devido acompanhamento!