sábado, 30 de setembro de 2017

ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

6 MESES! Chegou a hora de iniciar outros alimentos para o bebê!



Do nascimento até os 6 meses o bebê deve receber apenas o leite materno e na falta deste as fórmulas elaboradas para recém –nascidos, que tentam imitar ao máximo o leite humano. Aos 12 meses o bebê já deve se alimentar com a comida da família.

Quanta mudança em apenas 6 meses!!! Muitas dúvidas surgem:
Quais alimentos oferecer?
De que forma?
Qual a frequência?
Posso iniciar alguns meses antes ou depois?
Há como evitar alergias?


Cada bebê é único e recomendações mudam de acordo com preferências pessoais, hábitos familiares e situações clínicas. Mas existem recomendações gerais que valem ouro.

A Sociedade Brasileira de Pediatria, em concordância com as recomendações da OMS e diversas outras Sociedades de Pediatria no mundo recomenda o seguinte esquema básico para a introdução dos alimentos:


6 meses - 1 a 2 Frutas e 1a Papa 
7 meses – 3 Frutas e 2a Papa 
9 meses – Aumento progressivo da consistência
12 meses – Comida da família


COMO PREPARAR A PAPA DO BEBÊ?

Antes de falar do preparo da papa em si, quero esclarecer alguns termos que definem os alimentos de origem vegetal, e geram certa confusão:
Vamos diferenciar o que são: hortaliças, verduras, legumes, raízes, frutas, cerais!



HORTALIÇA: Termo genérico que engloba vários alimentos de origem vegetal, como as verduras, legumes e raízes. A diferença entre esses é qual a parte da planta é comestível.
VERDURA: A parte comestível são folhas, flores ou hastes.
LEGUMES: A parte comestível são os frutos ou sementes
RAÍZES: A parte comestível se desenvolve abaixo do solo.



O grupo dos LEGUMES é muito amplo e inclui os seguintes:
LEGUMINOSAS: Grãos que nascem em vagens (feijão, lentilha, vagem).
CEREAIS: Sementes ou grãos das gramíneas que dão frutos farináceos (arroz, trigo, aveia, milho).
OLEAGINOSAS: Sementes ricas em gorduras (nozes, amêndoas, castanhas).
FRUTAS: Ganham um nome “diferente” por seu sabor doce ou cítrico, mas na verdade fazem parte dos legumes. São vegetais cuja parte comestível é o fruto. Em tempo: fruto é a parte da planta que envolve as sementes.

O que é que tem na sopa do neném? (Que mãe não conhece essa musiquinha? Rsrs)
Desde o início a papa principal deve conter alimentos dos seguintes grupos: 
Cereais ou raízes (2 porções, para 1 porção dos outros grupos)
Leguminosas Verduras ou legumes
Proteína animal


A proteína animal pode vir de carne bovina, vísceras, frango, peixe, carne suína ou ovos.
Não é preciso acrescentar sal, por isso o termo correto é Papa principal e não papa “salgada”!
Os alimentos da sopa devem ser amassados com o garfo até ficarem com a consistência de purê.
Não é preciso (não se deve) passar a papa na peneira ou liquidificador. Aos poucos a consistência deve ser aumentada, respeitando-se o ritmo do desenvolvimento neuro-psicomotor de cada criança.

A partir de 8 meses algumas crianças já podem receber os alimentos da família amassados, triturados, desfiados ou cortados em pequenos pedaços.


            QUAL VOLUME O BEBÊ DEVE COMER A CADA REFEIÇÃO?




Após os seis meses, a capacidade gástrica do bebê varia entre 20 e 40 ml/Kg de peso!  Por exemplo, um bebê com 8kg consegue ingerir de 160 a 320 ml.
Conheça as variações do normal e respeite os limites do seu bebês.... Bom apetite! 

E ÁGUA?

Os bebês que são alimentados com fórmula precisam tomar água nos intervalos entre as mamadas. Já os que são amamentados ao seio não precisam, a não ser em algumas situações como durante as ondas de calor com sensação térmica muito elevada.
Bebês têm estômagos pequenos. A água em excesso pode saciar a criança, ocupando o lugar que seria do leite.



A recomendação de água (incluindo aí a utilizada no preparo das mamadeiras) é de é de 700 ml para bebês entre 0 e 6 meses, 800 ml entre 7 a 12 meses e 1300ml de 1 a 3 anos.


E O CHAZINHO DA VOVÓ?

Bebês têm estômagos pequenos. Assim como a água em excesso pode saciar a criança, ocupando o lugar do leite, o mesmo raciocínio vale para a oferta de chás.
O volume excessivo pode reduzir a ingestão de leite, e além disso há outros riscos ao se oferecer chás para bebês.

Alguns chás contém cafeína que pode aumentar a frequência cardíaca, promover insônia e hiperatividade.


Outros chás contêm taninos, que interferem na absorção do ferro levando à anemia.
Se não bastasse isso, a temível doença “Botulismo infantil” conhecida por ocorrer após o consumo de mel em lactentes, também pode ocorrer após o consumo de chás de ervas, como cidreira e camomila.
O Botulismo é uma doença causada pela presença no trato intestinal da neurotoxina da bactéria C. botulinum. A doença é rara, muito grave, podendo ser fatal por paralização dos músculos respiratórios em menores de 1 ano.
Resumindo: Chás não são indicados para bebês!

E OS SUCOS?

Este ano a Academia Americana de Pediatria oficializou a recomendação de NÃO oferecer sucos para bebês!
Eu faço parte da turma e Pediatras que há tempos já lutavam por esta recomendação. Entenda o porque:


Sucos de caixinha são ricos em açúcares e conservantes, não devem ser dados nem para adultos! E quanto aos sucos naturais?
De 6 meses a um ano a recomendação é introduzir a fruta in natura e NÃO os sucos!!! Sucos não oferecem nenhum benefício maior do que a fruta e podem trazer alguns prejuízos!

Ao transformar a fruta em suco as fibras e algumas vitaminas são perdidas, enquanto há aumento de acidez, elevação de volume (suco “enche” o bebê) e maior concentração do açúcar natural da fruta - frutose. Essas modificações podem levar à diarreia, cólica, flatulência, distensão abdominal e cárie.

Em relação ao estado nutricional, o consumo de sucos pode levar a duas situações:

O bebê se adapta perfeitamente ao suco, e fica com preguiça de mastigar e comer alimentos sólidos, acaba por substituir as refeições pelo suco, levando a dificuldade de ganhar peso e déficit de nutrientes importantes.

O bebê faz as refeições e ainda toma o suco, isso aumenta a capacidade gástrica, eleva muito o valor calórico diário e adapta seu paladar para preferir líquidos adocicados, tudo isso junto aumenta o risco de obesidade.

Sucos não são apropriados para o tratamento de desidratação e diarreia. Nesses casos a indicação é Soro Oral, que tem a composição correta de sais e açúcares.


BEBES PODE COMER ALIMENTOS COM GLÚTEN??



Cereais fazem parte da dieta do lactente! São fonte de energia, vitaminas e minerais. Mas alguns possuem o temido e famoso GLÚTEN!

Algumas pessoas possuem intolerância ou alergia ao glúten, e há ainda casos mais raros de Doença celíaca: quando o glúten induz a um quadro de auto-imunidade (as células de defesa do corpo se voltam contra o próprio organismo!) num indivíduo predisposto geneticamente.

Cerca de 30% das pessoas nascem com esta predisposição, mas apenas 1% irá manifestar a doença.

Pesquisas recentes realizadas pela Sociedade Norte Americana para o Estudo da Doença Celíaca mostram que para reduzir as chances de sensibilização pelo glúten o ideal é introduzir a proteína em torno dos seis meses e de forma gradual: 1,5g por dia no 6o mês, 2,5g no 7o mês  e até 5g por dia a partir do 9o mês.

O atraso na introdução do glúten ou o exagero no consumo aumentam os riscos de sensibilização pelo glúten.

 Cereais com glúten: trigo, cevada, centeio, triticale e kamut.
Cereais sem glúten: arroz, milho, linhaça, grão de bico, painço, amaranto, quinua. A aveia naturalmente não contém glúten, mas é comum a sua contaminação com a proteína.

ALIMENTOS QUE NÃO DEVEM SER OFERECIDOS AOS BEBÊS:

Açúcar
Mel
Chás
Sucos
Produtos industrializados
Leite de vaca 

segunda-feira, 12 de junho de 2017

A química da Paixão: Oxitocina e outros segredos!

Já que hoje é Dia dos Namorados, que tal um texto sobre a Ciência do Amor! Sim existe ciência por trás da paixão!
Se apaixonar causa modificações no cérebro que se assemelham a alguns distúrbios mentais... Oh!
Quando nos sentimos atraídos por alguém, lá no nosso subconsciente gostamos dos genes do outro! Existe uma tendência a nos sentirmos mais atraídos por um visual e cheiro parecidos com os dos nossos pais.


Se apaixonar ocorre em 3 fases, nas quais diferentes hormônios estão envolvidos.

Estágio 1 – Desejo
Em algum momento, todo mundo já experimentou uma intensa atração física por alguém! Aqui entram em ação os hormônios sexuais: testosterona e estrógeno. Lembrando que é a testosterona também na mulher que é a maior responsável pela libido.

Estágio 2 – Paixão
É a fase em que não se consegue pensar em outra coisa... Alguns se consomem, sem apetite, sem sono. Passa-se o dia sonhando acordado, fantasiando sonhos de uma vida com seu novo amor!
Nesta etapa um grupo de neurotransmissores entra em ação:
Dopamina, considerada a molécula do prazer, e é ativada também pela cocaína, nicotina, comida!
Norepinefrina, também conhecida como adrenalina, é ela que nos faz suar e ter taquicardia!
Serotonina, que é um antidepressivo e ansiolítico!

Estágio 3 – Conexão
Ah esse é o estágio do relacionamento duradouro! Aqui entra em cena o verdadeiro hormônio do amor... a Oxitocina.
Depois do desejo e da paixão chegamos na terceira fase, que é a Conexão! Sem a formação de um elo, o relacionamento não irá adiante. Essa sensação de fazer parte, de pertencer é que irá possibilitar que o casal continue junto por muito tempo e decida constituir uma família.

Nesta etapa uma substância é fundamental: a Oxitocina, considerada a molécula do amor!


Ela é secretada pelo hipotálamo, uma parte do cérebro, e armazenada na hipófise. Ela é responsável pela ligação profunda entre pessoas íntimas e entre mãe e filhos! É produzida durante o parto e amamentação e em cada orgasmo. Portanto, teoricamente, quanto mais sexo o casal pratica, mais profunda a sua ligação.



Veja as ações da Oxitocina:

1 – Aumenta sentimentos de confiança, generosidade e empatia.
2 – Controla a ansiedade.
3 – Reduz o cortisol (hormônio do stress).
4 – Ajuda na memoria social.
5 – Promove bem estar físico e emocional.
6 – Promove a monogamia, a fidelidade no casal.

Á primeira vista pode parecer que estou minando o romantismo ao apresentar substâncias químicas que nos fazem sentir apaixonados e amando... Mas não é nada disso! Não é nada mecânico! O amor passa pela química cerebral, mas é muito mais...

É bom lembrar que a parte do nosso cérebro que produz a oxitocina, o hipotálamo, é controlado pelo sistema límbico, a parte do cérebro responsável pelas emoções!


Feliz Dia dos Namorados, com muita Oxitocina!!


#endocrinologia #hormônios #paixão #amor #desejo #oxitocina #hipotálamo #sistemalímbico #cortisol #fidelidade #confiança #conexão #diadosnamorados  #serotonina #adrenalina #testosterona #estrogeno

segunda-feira, 15 de maio de 2017

PUBERDADE NORMAL

PUBERDADE E ADOLESCÊNCIA



Puberdade e adolescência têm características em comum, mas são conceitos diferentes.

Adolescência é um conceito temporal, engloba os anos da segunda década de vida, ou seja, dos 10 aos 20 anos. São os Teenagers!

Puberdade é um conceito relacionado a modificações fisiológicas decorrentes dos hormônios sexuais, é o período de transição durante o qual o corpo de criança se transforma num corpo de adulto. 

Nas meninas é considerado normal quando a puberdade se inicia entre os 8 e 13 anos, e nos meninos entre os 9 e 14 anos.

A puberdade geralmente ocorre durante a adolescência, mas algumas crianças ainda na fase de escolar já iniciam os sinais puberais. E alguns adolescentes não estão em puberdade, principalmente nas fases iniciais da adolescência. 

SINAIS DE PUBERDADE

O que caracteriza a puberdade é o aparecimento das características sexuais secundárias: 
Nas meninas há crescimento das mamas, aumento e modificação da distribuição de gordura, 
Nos meninos há aumento dos testículos e pênis, maior massa muscular, mudança de voz.

Nos dois sexos há aceleração do crescimento e o aparecimento de pelos pubianos e axilares, além de mudanças no formato do corpo, que deixa de ser pueril e passa a ter contornos típicos de cada sexo. Tantas mudanças ocorrem porque as gônadas (ovários ou testículos) “despertam” e passam a produzir os hormônios sexuais. Veja como isso ocorre na descrição da fisiologia abaixo! 

FISIOLOGIA DA PUBERDADE

O caminho para que crianças se transformem em adultos (do ponto de vista sexual) é o seguinte: uma região do cérebro chamada Hipotálamo começa a produzir o GnRH (hormônio estimulador das gonadotrofinas), esse hormônio atua na glândula Hipófise que passa a produzir as Gonadotrofinas: LH e FSH.

O LH e FSH atuam nas gônadas (ovários ou testículos) estimulando a produção dos hormônios sexuais: estrogênios (femininos) e androgênios (masculinos). Quando há hormônios sexuais circulando em altas doses a puberdade acontece! 

MINIPUBERDADE EM BEBES

Nem todo mundo sabe, mas os bebês nascem com os hormônios tão altos como os adolescentes! Dizemos que o eixo Hipotálamo-Hipófise-Gônadas está ativado! Essa elevação dos hormônios persiste em todos até os 6 meses, e pode durar até os 2 anos de idade!

Não é uma doença ou anomalia, faz parte da fisiologia normal dos recém-nascidos e lactentes. É importante saber disso para interpretar corretamente os exames laboratoriais e alguns sinais físicos.
Na maioria dos bebês, apesar dos elevados níveis hormonais, não há nenhum sinal clínico evidente, mas alguns bebês podem apresentar alguns sinais de ação hormonal sem que isso seja patológico.

O exemplo mais comum é a presença de tecido mamário nas meninas e ocorrência de frequentes ereções nos meninos! Entretanto em torno de 14% dos casos essa situação é sinal da presença de doenças.
Se o bebê manifesta algum sintoma de ação de hormônios sexuais ele deve ser avaliado por um Endocrino Pediatra que fará o diagnóstico diferencial!

PUBERDADE E CRESCIMENTO

É durante a puberdade que ocorre o famoso estirão do crescimento. Durante em média dois anos o hormônio de crescimento (GH) associado aos hormônios sexuais fazem a velocidade de crescimento acelerar bastante. As meninas chegam a crescer de 8 a 10 cm/ano e os meninos de 10 a 12cm/ano. 

Nas meninas o estirão de crescimento ocorre bem no início da puberdade, quando o broto mamário aparece. Quando menstruam pela primeira vez, todas as meninas já passaram pelo estirão puberal.

A primeira menstruação (menarca) é um marco na vida de toda mulher. É a entrada no mundo feminino adulto. Depois da menarca a adolescente ainda vai crescer e se desenvolver, mas num ritmo menor do que antes.

Após a menarca, é normal que ocorra uma diminuição na velocidade de crescimento, mas ele não para! Trata-se do crescimento residual, que varia de pessoa para pessoa, mas em linhas gerais, as adolescentes ainda crescem, em média, seis centímetros após a menarca.

Entretanto, é importante ressaltar que, nos casos em que as meninas apresentam sinais de puberdade precoce, caracterizada pelo crescimento das mamas e de pelos pubianos antes dos 8 anos de idade, esse tempo de crescimento pode ser ainda mais reduzido (Veja Matéria anterior sobre Puberdade Precoce).

Por isso, ao constatar qualquer um dos sinais de puberdade mencionados acima antes dos 8 anos, os pais devem procurar um Endocrinologista infantojuvenil para fazer uma avaliação completa e indicar um tratamento para inibir o avanço da puberdade precoce. Com o tratamento, a menina "ganha tempo" para crescer um pouco mais, e o mais importante, dentro do período esperado!

Nos meninos o estirão do crescimento é mais tardio, em torno de um ano após o início do crescimento dos testículos. Neles a o que sinaliza a quase parada do crescimento é a mudança de voz. Quando o menino deixa de desafinar, ora falando grosso ora fino, e passa a falar com a voz sempre grossa, é sinal que seu crescimento quase terminou. 

terça-feira, 21 de março de 2017

21/03 DIA INTERNACIONAL DA SÍNDROME DE DOWN

21/03 é o dia Internacional da Trissomia do 21, mais conhecida como Síndrome de Down!


A síndrome foi descrita há mais de um século por John Langdon Down (daí seu nome!). É a condição genética mais comum que existe, ocorrendo em cerca de um a cada 600 a 700 nascimentos, independente de raça, religião ou condição econômica da família.

A síndrome em si não é uma doença, mas uma condição que aumenta o risco de alguns problemas de saúde, o que requer a atenção de pais e profissionais.

As pessoas com Síndrome de Down apresentarem características físicas típicas como olhos amendoados, orelhas com baixa implantação, boca pequena e língua grande (por isso fica para fora), mãos e dedos pequenos, prega simiesca (prega única na palma da mão ao invés de duas), orelhas com implantação baixa.

Existe maior propensão ao desenvolvimento de algumas doenças e alterações do desenvolvimento:         
Cognição- o QI fica em média entre 35 a 70 pontos, sendo que a média das crianças é de 100.

Audição – O canal auditivo pode estar malformado, sendo que 40% tem alguma perda auditiva, o que atrasa a fala também.

Visão - Estrabismo, catarata e glaucoma podem ocorrer. Se não identificados e tratados dificulta a aprendizagem



Músculos – Tem o tônus menor, mais flácidos, o que atrapalha a coordenação motora.
Sistema cardiovascular – em torno de 50% apresentam alguma doença cardíaca congênita: comunicação interventricular, comunicação interatrial ou  defeito do septo atrioventricular.

Sistema endócrino: Apresentam baixa estatura, propensão a obesidade (em torno de 50%) e propensão ao hipotireoidismo (20%).        
           
Apesar de necessitarem de cuidados, vale ressaltar que as pessoas com síndrome de Down têm muito mais em comum com o resto da população do que diferenças. São seres humanos capazes, e podem sim avançar, tornando-se adultos realizados e autônomos.

A Síndrome de Down ocorre quando existe uma cópia extra do cromossomo 21. Os seres humanos têm, normalmente, 46 cromossomos (23 pares) em cada uma das células de seu organismo, 23 herdados do espermatozoide e 23 do óvulo.
O que ocorre, então, para um bebê apresentar 47 cromossomos, em vez de 46, e ter síndrome de Down?

1 - Trissomia livre ou simples – Existe a presença de um cromossomo 21 inteiro a mais em todas as células. É a forma mais comum da síndrome de Down, correspondendo a 95% dos casos. Ocorre por um erro na formação dos gametas. Nesses casos o óvulo (95%) ou o espermatozoide (5%) contém 2 cromossomos 21, e ao se unirem ao outro gameta formarão um zigoto com 3 cromossomos 21.

2 - Translocação - Por volta de 3,5% das pessoas com síndrome de Down têm dois cromossomos do par 21 completos e um pedaço mais ou menos grande de um terceiro cromossomo 21, que geralmente está colado a outro cromossomo de outro par. Nesses casos o pai ou a mãe e irmãos podem ser “portadores”: eles não apresentam a trissomia mas podem ter outros filhos com a síndrome.

3 - Mosaicismo - Ocorre em 1,5% dos casos. Neste caso o zigoto apresenta apenas 2 cromossomos 21, e o erro na separação dos cromossomos ocorre no curso das divisões celulares do feto. A pessoa tem células normais e outras com trissomia, e dependendo do percentual de células normais, a clínica será mais ou menos intensa!

Para o diagnóstico de certeza é imprescindível o Cariótipo, exame no qual os cromossomos de várias células são avaliados ao microscópio com detalhes! 


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

VITAMINA D: UM HORMÔNIO FUNDAMENTAL

VITAMINA D: HORMÔNIO!



Você sabia que a Vitamina D é na verdade um hormônio?

         Ela é encontrada sob duas formas: ergocalciferol (vitamina D2) e colecalciferol (vitamina D3). A vitamina D2 é encontrada nas plantas e fungos, e a vitamina D3 vem de fontes animais, além de ser sintetizada na pele pela ação dos raios ultravioleta B (UVB). Quando os raios UVB entram em contato com as células da pele, ocorre a conversão de um derivado do colesterol, o 7-deidrocolesterol, em vitamina D3.

               Se você andou tomando sol em excesso e agora ficou apreensivo com medo de uma possível intoxicação por vitamina D, fique tranquilo, a natureza é sábia, e criou um mecanismo que só converte uma quantidade segura de 7-deidrocolesterol em vitamina D3. O excesso é em metabólitos inativos! Ufa!

          A Vitamina D então é encaminhada ao fígado onde sofre uma alteração química, recebe uma molécula de hidroxila (OH), gerando o calcidiol, que é a forma de depósito da vitamina D, e é o que se dosa de rotina nos exames de laboratório.
               O calcidiol é levado para os rins onde ocorre nova hidroxilação, formando o calcitriol, que é a forma metabolicamente ativa da vitamina D. O Calcitriol é o responsável pelas importantes ações da vitamina D.

            Para que os níveis de vitamina D ativa estejam normais é necessário que intestino, pele, fígado e rins trabalhem corretamente.


AÇÕES DA VITAMINA D

              

A primeira coisa que vem à mente ao se pensar em vitamina D é saúde óssea. Sua ação na mineralização óssea e controle dos níveis de cálcio é conhecida há décadas. A deficiência da vitamina D leva a osteoporose, raquitismo na criança e osteomalácia nos adultos, problemas graves que afetam os ossos.
Mas a vitamina D vai muito além da saúde óssea. Atualmente sabe-se que ela regula a expressão de mais de 1.000 genes em células em diversos tecidos e órgãos!

            Estudos epidemiológicos mostram que a deficiência de vitamina D se associa a diversos problemas de saúde. Este tipo de estudo mostra que há uma coincidência entre a maior frequência de algumas doenças e a falta da vitamina D, mas NÃO prova que é a baixa na vitamina a CAUSA destas doenças. Para chegarmos a essa conclusão outros tipos de estudos científicos (clínicos e experimentais) são necessários.

As seguintes patologias estão ASSOCIADAS ao déficit de vitamina D:

diabetes melito tipo 1
asma
dermatite atópica
alergia alimentar
doença inflamatória intestinal
artrite reumatoide
doença cardiovascular
esquizofrenia
depressão
diversos tipos de câncer (mama, próstata, pâncreas, cólon)


FONTES


Quando falamos de vitaminas, logo pensamos em uma lista de alimentos ricos nessa ou naquela. Com a vitamina D a coisa é um pouco diferente, já que na verdade ela também é um hormônio produzido pela pele (veja Post anterior).
Cerca de 90% da vitamina D vem da produção na pele após exposição solar e menos de 10% são obtidos de alimentos. 

Os alimentos mais ricos em vitamina D, como o salmão selvagem, sardinha, cavala, atum e óleo de fígado de bacalhau (eca!) em geral não são parte da alimentação rotineira dos brasileiros. O salmão consumido no Brasil vem de fazendas de piscicultura e tem apenas ¼ da vitamina D presente no salmão selvagem (de águas geladas, encontrados no Alaska e países nórdicos).

Alguns alimentos que fazem parte da dieta do brasileiro, como o fígado de boi, iogurte e gema de ovo, contém pequenas quantidades de vitamina D, insuficiente para a nossa saúde.

Com tanto sol no Brasil, por décadas os médicos não se preocupavam com os níveis de vitamina D da população. Atualmente, entretanto o brasileiro tem se exposto cada vez menos ao sol e a deficiência da vitamina D tornou-se frequente tanto em crianças como em adultos.

A quantidade de sol para garantir um bom aporte de vitamina D varia com diversos fatores. Em média 15 minutos diários de sol seriam suficientes.
Alguns fatores reduzem a produção de vitamina D pela pele:

Pele escura: a melanina absorve os raios solares UVB, funcionando como um protetor solar natural.
Latitude: quanto mais longe da linha do Equador pior a produção.
Altitude elevada
Uso de roupas que cubram quase todo o corpo
Poluição atmosférica
Tempo predominantemente nublado
Uso constante de filtro solar

Tomar sol é importante, mas devemos ficar de olho no horário em que estaremos expostos. Excesso de sol, principalmente entre 10 e 16h aumenta o risco de câncer de pele além de causar envelhecimento.
Equilíbrio é tudo!


NÍVEIS NORMAIS


Para saber como está o nível de vitamina D, é preciso dosar o Calcidiol (a vitamina D que sofreu uma hidroxilação no fígado).

Existem algumas controvérsias sobre o ponto de corte do que é considerado como Suficiente, Insuficiente e Deficiente, de acordo com 3 diferentes sociedades.
A “Endocrine Society Clinical Practice Guideline” é a mais “exigente” e coloca como suficiente valores (em ng/ml) entre 30 e 100, insuficiente entre 20 e 30 e deficiente valores abaixo de 20.

Alguns autores consideram que níveis acima de 20 já seriam suficientes, já que do ponto de vista ósseo só ocorreriam alterações abaixo deste valor. Já outra corrente considera que o “ideal” seria deixar a vitamina D acima de 40 e até 80, justificando que esses valores são fundamentais para as funções extra-ósseas mencionadas acima.

Como a toxicidade da vitamina D se manifesta a partir de 100 a 150, não é arriscado deixa-la em níveis mais elevados do que o mínimo, mas também não há comprovação dos benefícios.



DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D


O raquitismo é a forma grave da deficiência da vitamina D mais conhecido do público em geral. Mas bem antes que o quadro clínico de Raquitismo se instale, níveis baixos de vitamina D já trazem prejuízo para a saúde.
Algumas consequências da hipovitaminose D são:

Redução da absorção intestinal de cálcio e fósforo
Elevação do paratormônio (PTH) que tira cálcio do osso para deixar normal o nível de cálcio no sangue
Queda da mineralização óssea
Atraso do crescimento
Atraso do desenvolvimento
Irritabilidade
Dores ósseas
Unhas e cabelos frágeis
Sudorese, principalmente na cabeça
Queda dos níveis sanguíneos de cálcio e fósforo.



COMO MANTER NÍVEIS ÓTIMOS DA VITAMINA D?


Depois de saber a importância de se manter a vitamina D normal no organismo, logo surge o questionamento: É melhor tomar sol ou usar medicamentos?


O ideal seria que todo mundo tomasse sol diariamente antes das 10h da manhã. Mas não é isso que ocorre na prática. Então quando é preciso utilizar medicamentos? Para tratamento da deficiência (comprovada por exame) e em alguns grupos de risco como profilaxia (para evitar que a deficiência se instale).

No Brasil existem 12 marcas com apresentações em gotas (200UI/gota), cápsulas e comprimidos com dose que varia entre 1000 e 50.000UI. Os esquemas de tratamento também variam, de acordo com a idade e necessidade individual. É possível fazer doses diárias ou semanais.

A terapia com doses elevadas (stoss-therapy) de vitamina D é utilizada em situações excepcionais. São administradas doses muito altas de vitamina D, (oral ou intramuscular), por curtos períodos de tempo. Existe o risco de intoxicação pela própria vitamina D e pelo veículo propilenoglicol quando forem usadas soluções orais de vitamina D que contenham esse produto.

A profilaxia (utilizar para evitar a deficiência) da vitamina D nas doses de 400 UI/dia para menores de 1 ano e 600 UI/dia para maiores é indicada para:

 Crianças em aleitamento materno exclusivo.
 Crianças em uso de fórmula láctea fortificada com vitamina D que ingerem um volume menor que 1000 mL/dia.
Crianças e adolescentes que não ingerem pelo menos 600 UI de vitamina D/dia na dieta.
Crianças e adolescentes que não se exponham ao sol regularmente

Em outros casos a suplementação é feita com doses maiores, 600-1800 UI/dia: nos grupos de risco citados acima, além de gestantes, nutrizes, pessoa com dieta estritamente vegetariana, obesidade, doenças que afetem o fígado, rins e intestinos, além de uso crônico de alguns medicamentos (anticonvulsivantes, drogas para HIV, glicocorticoides, antifúngicos).


HIPERVITAMINOSE D

Se depois de ler os Posts sobre vitamina D da semana passada, te deu vontade de já ir comprando um suplemento... Para tudo!

O excesso de vitamina D é perigoso.



A hipervitaminose D leva a aumento do cálcio sanguíneo (hipercalcemia) e urinário e redução do paratormônio (PTH). A intoxicação pela vitamina D surge quando os níveis no sangue são superiores a 100 ng/mL.

O paciente apresenta os seguintes sintomas: náuseas, vômitos, dor abdominal, obstipação intestinal, pedra nos rins, urina em excesso, fraqueza, contrações musculares, dificuldade de concentração, confusão mental e pode chegar até ao coma.

Se a hipercalcemia for grave pode desencadear arritmia cardíaca, e quando o excesso de cálcio é crônico, ocorre deposição de cálcio nas válvulas cardíacas, artérias coronárias e fibras miocárdicas; levando a hipertensão e cardiomiopatia. 

O tratamento da Hipervitaminose D é feito com suspensão da reposição da vitamina, hidratação venosa, diuréticos e corticosteroides.


Não se arrisque utilizando medicações sem o devido acompanhamento!