segunda-feira, 14 de novembro de 2016

14/11 Dia Internacional do Diabetes: visão histórica


Hoje o portador de Diabetes pode comemorar a vida com qualidade. Desde que haja disciplina, conhecimento e orientação médica. 14/11 é sim um dia comemorativo! Apesar de ser uma doença complexa e ainda sem cura, a evolução no tratamento e aumento de qualidade de vida que ocorreram no último século é impressionante.


Antes do surgimento da insulina em 1922, o diagnóstico de Diabetes Mellitus do  tipo 1 era uma sentença de morte. O tratamento era uma dieta de inanição, e dois anos era o prazo médio de sobrevida para essa doença. 

A primeira referência ao Diabetes data de 1.500 AC, no Egito. O Papiro de Ebers, um dos Tratados Médicos mais antigos, foi o primeiro documento conhecido a fazer referência a uma doença que se caracterizava por emissão frequente e abundante de urina.



A doença foi batizada de Poliúria. Muito tempo depois, já no século II DC, na Grécia antiga, um discípulo de Hipócrates, Areteus, a chamou de Diabetes.

Areteus descreveu o problema da seguinte forma: "Uma afecção notável, não muito freqüente entre os homens, consistindo no derretimento dos membros e da carne em urina. Os pacientes não param de urinar, sendo o fluxo incessante, como a abertura dos aquedutos. O paciente tem vida curta. A doença lembra Diabetes (do grego diabetes significa passar através de um sifão), porque o líquido não permanece no corpo, mas usa o corpo como um reservatório." Depois vieram os indianos, os chineses e os japoneses a constatarem o doce da urina, quando observaram aglomeração de moscas e formigas em torno do líquido.

Mas só muito tempo depois, já no século XVII que tal descoberta foi realmente evidenciada, quando Willis na Inglaterra, bebeu um pouco de urina e a comparou com o mel. Daí veio o nome do latim: Mellitus.

O século XIX foi marcado pela descoberta dos tipos do Diabetes. Lanceraux e Bouchardat constataram que, em pessoas jovens, o Diabetes se apresentava de forma mais agressiva  do que em pessoas com mais idade. Nesses pacientes os sintomas eram menos severos e estavam ligados ao excesso de peso.

Em 1869, Paul Langerhans decreveu o que mais tarde ficou conhecido como “Ilhotas de Langerhans”. O termo “insulina” deriva da palavra “Insel”, ilhota ou ilha pequena em alemão.

Até a descoberta da Insulina, muitos tratamentos foram tentados, dentre eles o uso do Ópio e alimentação hipercalórica. Acreditava-se que era preciso compensar as perdas nutritivas que escapavam pela urina; e até o consumo de açúcar foi estimulado, na tentativa de fazer com que o paciente recuperasse o peso perdido.

Após a conclusão de que se tratava de um tratamento desastroso foi instituído exatamente o oposto: as restrições alimentares eram o caminho e os carboidratos deveriam ser abolidos da dieta.

A revolução no tratamento veio com a descoberta da Insulina, um dos maiores feitos da Medicina. Em 1922, os cientistas Canadenses Banting e Macleod experimentaram a substância em um garoto adolescente de 13 anos, um ano depois de terem extraído a insulina do pâncreas de animais. Esse paciente viveu até os 27 anos de idade.


A descoberta da Insulina rendeu o Prêmio Nobel de Medicina  a esses cientistas que o dividiram com Best e Collip, pela participação na descoberta. A próxima etapa era viabilizar a insulina a um grande número de pacientes com diabetes no mundo. E a seguir modificações na molécula de insulina que permitissem um tratamento mais parecido com a forma que a insulina é naturalmente secretada pelo pâncreas.

Em 2007, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) considerou o Diabetes um grave problema de saúde pública mundial e orientou os países a realizarem ações de saúde pública para diagnóstico e tratamento da doença.

Nesta ocasião foi escolhida a data 14/11 como o dia Internacional do Diabetes. É a data de nascimento de Frederick Banting, um dos descobridores da insulina. Atualmente mais de 160 países comemoram a data.

Foi em 2007 que entrou em vigor, no Brasil, a Lei nº 11.347/2006, que trata da distribuição gratuita de medicamentos e insumos para o tratamento e controle dos diabéticos.

O símbolo da data é o círculo azul. O circulo representa a vida e a saúde, e o azul reflete o céu que une todas as nações.

 Nesta data várias ações ocorrem em todo o planeta, com o objetivo de alertar o mundo sobre o Diabetes. Promover a prevenção (quando possível) e o diagnóstico precoce.



Hoje os diabéticos somam 422 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 14 milhões de pessoas apenas no Brasil, cerca de 10% da população adulta. 12% de todos os gastos globais com saúde são para tratar o diabetes.

Os números são expressivos, mas ainda assim subestimados. Acredita-se que metade dos portadores de diabetes não sabe que tem a doença. O atraso no diagnóstico e consequentemente no tratamento aumenta muito as chances de complicações crônicas.

Os dados em crianças também são alarmantes: 1 a cada 7 nascimentos é impactado pelo diabetes gestacional, e 542 mil crianças convivem com o diabetes tipo 1, que tem aumentado em torno de 3% ao ano. A pandemia da Obesidade, somada ao sedentarismo tem aumentado o aparecimento de Diabetes Mellitus tipo 2 em crianças e adolescentes.

A hora de agir é agora! 

Fontes:
História da Medicina
Organização Mundial de Saúde
International Diabetes Federation
http://www.ncdrisc.org/

2 comentários:

  1. Oi poderia informar o que seria exame de insulina pós prandial?

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    1. Na verdade fazemos a dosagem de glicemia pós prandial, que é a glicemia 2h após a refeição. A dosagem de insulina é feita em jejum, ao mesmo tempo em que se dosa a glicemia de jejum. A relação entre a insulina e glicemia ambas em jejum dá origem ao índice de HOMA, que é importante para avaliar a resistência à ação da insulina!

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